sábado, 30 de novembro de 2013

Leituras para curar Insônia, Parte IV

A relatividade da Riqueza e a escravidão do mercado     



Há de se pensar o seguinte: os homens mais poderosos do século XVI (ou até mesmo XVII, XVIII, XIX e de todos os séculos que os antecederam), possuíam muito dinheiro, mas não tinham o conforto que um trabalhador possui nos dias de hoje. Eles podiam comprar os cavalos mais rápidos do mundo, mas nenhum destes é mais rápido do que um ônibus ou trem. Podiam ter bastante comida, mas não com muita frequência esses alimentos eram frescos. Ok, a comida de hoje em dia, também não é frequentemente fresca, mas ao menos a tecnologia consegue enganar-nos. Um rei não dispunha de eletricidade (e todo o conforto proporcionado por ela) e sua diversão (ou preenchimento do tédio) necessitava da participação de outras pessoas (a não ser que fosse um rei leitor). Um rei havia de esperar meses por uma resposta de correspondência, se submetia a tratamento médicos insanos e frequentemente inócuos. Quero dizer que esse Rei era infeliz e nós trabalhadores somos felizes por ter esse conforto? Absolutamente. O que quero explanar é que a riqueza material é simplesmente relativa, no momento em que os fabricantes começaram a perceber que poderiam impor necessidades humanas, necessidades estas que os humanos não têm, a partir desse momento, escravizou-se o ser humano. A mercadoria deixou de ser o fim, para se tornar o começo. Por exemplo, durante toda a minha vida nunca precisei utilizar um telefone celular (e nunca me fez falta). Do momento em diante que passei a ter um, fui escravizado. Não vou nem mais ao mercado da esquina sem o levar, sempre suspeitando de uma emergência no meio do caminho, para eu avisar na minha casa. Um dia sem internet (utilíssima por sinal) é um dia de tristeza e só a comecei usar plenamente com mais de 30 anos de idade. Aliás, a internet é um belo exemplo de como nos condicionam a querer o novo/melhor: lá em 1998, quando para carregar uma página demorava uns 10 bons minutos, e a gente ainda ficava maravilhado. A velocidade foi aumentando (meu primeiro download musical demorou 7 dias, em um música de 5 minutos), hoje quando baixo arquivos de 1 Gb  que demoram um pouco além da conta, já começa-se a reclamar da lentidão... E o mercado nos oferece televisões, geladeiras, e todo um universo de máquinas que durante milhares de anos nunca nos fizeram falta, mas que hoje nos deixaram dependentes.

A propaganda, se era a alma do negócio, hoje é a nossa própria alma.

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