domingo, 31 de março de 2013

Grandes discos que somente meia-dúzia ouviram, Parte XI

The Slits-"Cut"


A onda punk na segunda metade dos anos 70,veio como uma avalanche de rebeldia e assim como um avalanche logo passou (claro, bandas punks existem aos montes até hoje, mas o pico do movimento foi naqueles anos), mas deixou seu legado na música pop ocidental, derivando de si estilos como o new wave, o art-punk e o hardcore. The Slits é uma banda feminina única: a vocalista é uma adolescente alemã, que cantando com um sotaque fortíssimo foi a inspiração clara no modo de cantar da cantora Björk e a bateirista Palmolive é um primor no quesito criatividade. As canções podem ser rotuladas de art-punk, pois vão além dos três acordes, principalmente pelo modo de condução e o tempo.Começando com "Instant Hit", maravilhoso arranjo com contrapontos vocais quase atonais e detalhes de flauta doce, falando sobre o amor à um rapaz que acaba se encontrando com outra figura feminina, a heroína ("he is set on self-destruct"), com "Though" temos uma espécie de homenagem aos dois integrantes mais famosos do Sex Pistols, com tambores primais e riffs minimalista; a interessante crítica ao capitalismo em "Spend, spend,spend"; "Newton", um marido como todos os outros que passa seus dias 'Sniffing televisena or taking footbalina" em bom inglês cockney. Segue "Ping Pong Affair", muito criativo musicalmente, uma espécie de funk com o compasso errado, e que narra sobre um relacionamento cheio de idas e vindas, passado brilhantemente à melodia.O manifesto feminino (mas não feminista) de "Typical Girls", e a maravilhosa versão de "I heard through the Grapevine".

A capa do álbum mostra as integrantes da banda, semi-nuas (e sempre lembrando que uma delas tinha 17 anos), cobertas de lama e vestida como primitivas. The Slits é um disco único.

Link para download: http://depositfiles.org/files/rf80063gs


quinta-feira, 14 de março de 2013

Obras incrustadas em Pedra, Parte IV

Johannes Vermeer (1632-1675); "A Leiteira" (cerca de 1658)

Num austero interior do século XVII, uma jovem robusta executa com atenção a tarefa de despejar o leite de uma jarra em uma vasilha sobre a mesa.Sua concentração contribui para a quietude da cena, em que o único ruído sugerido provém do leite escorrendo sobre a vasilha.Nesse ambiente profundamente íntimo, o tempo parece imóvel.Johannes Vermeer proporciona drama e significado a um despretensioso momento doméstico.Mestre da observação do cotidiano, ele era meticuloso no detalhe, como evidenciado pelo prego na parede e pelas manchas na caiação.Seu tratamento de luz e da somba revela grande perícia;  luz que cai sobre a leiteira destaca seus antebraços pálidos e dirige o olhar do observador para o leite que escorre.O amarelo e o azul do corpete e do avental da leiteira brilham na luz e se repetem na toalha e nos demais objetos colocados sobre a mesa. Embora A leiteira não seja um retrato, o observador não tem dúvida de que o quadro foi pintado a partir da observação direta e de que as feições cuidadosamente retratadas da moça pertenceram a uma pessoa real (Tanneke Everpoel, empregada da família Vermeer pode ter posado para o quadro). O realismo da cena não deve, porém, ofuscar o talento do artista, cuja composição foi cuidadosamente planejada para dar autenticidade ao quadro.


(extraído do livro "Tudo Sobre Arte", de Stephen Farthing, p.228, Ed.Sextante,2010)