quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Obras Incrustadas em Pedra, Parte V

A Sétima Sinfonia de Brückner


A Sétima é a sinfonia mais querida de seu autor, desde a estreia em Leipzig,1883, regida pelo lendário Arthur Nikisch, provavelmente porque o frescor de suas melodias, sua intensidade harmônica e o brilhante colorido da orquestra fazem com que cheguem ao ouvinte de forma muito direta. A isso se une a riqueza de expressão, que vai desde a exaltada serenidade do lamento fúnebre, à mais pura alegria, tudo adornado de grande riqueza. Como sempre, no primeiro tempo, o autor utiliza os três temas, e na reexposição, realiza um novo desenvolvimento dos mesmos. O adagio impregnado de profundo caráter fúnebre, Bruckner despeja toda a tristeza que sentia pelo que previa ser a morte de Wagner e, de fato, após esse acontecimento, e como homenagem ao músico alemão, incluiu quatro tubas wagnerianas, concluindo o movimento com uma emotiva música fúnebre. O scherzo, em uma tonalidade distinta dos movimentos anteriores, cria uma forte impressão. ao longo dele há toda uma série de modulações, inversões e combinações contrapontísticas (Brückner era fascinado pelo contraponto de Bach) que lhe dão uma riqueza de caleidoscópio; trata-se de um dos scherzi mais enérgicos e abruptos de seu autor, que também constrasta com um trío com ar de ländler de uma grande delicadeza. No finale, onde se mesclam a solenidade e o humor, Bruckner volta a fazer alarde de uma arquitetura tonal tão sutil como no resto da sinfonia; construído em uma forma sobre a qual os estudiosos não chegaram a um acordo, possui uma organização própria e original, e baseia-se na ideia das relações tonais. A forma nasce, portanto, como resultante de três forças tonais bem diferenciadas e que atuam em direções opostas sem nunca perder o ritmo básico.